Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)
Daniel
Daniel, 2
1 E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, Nabucodonosor teve sonhos; e seu espírito começou a ficar agitado e até seu sono se tornou algo além dele.
2 Portanto, o rei disse que se chamassem os sacerdotes-magos, e os conjuradores, e os feiticeiros, e os caldeus, para que contassem ao rei os seus sonhos. E eles passaram a entrar e a ficar de pé perante o rei.
3 O rei disse-lhes então: “Tive um sonho, e meu espírito está agitado para saber o sonho.”
4 Então falaram os caldeus ao rei na língua aramaica:*1 “Ó rei, vive por tempos indefinidos. Dize aos teus servos qual foi o sonho e nós mostraremos a própria interpretação.”
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5 Respondeu o rei e disse aos caldeus: “Estou promulgando a palavra: Se vós não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis desmembrados e as vossas próprias casas serão transformadas em latrinas públicas.
6 Mas, se me mostrardes o sonho e sua interpretação, recebereis da minha parte dádivas, e um presente, e muita dignidade. Portanto, mostrai-me o próprio sonho e sua interpretação.”
7 Eles responderam pela segunda vez e disseram: “Diga o rei aos seus servos qual foi o sonho e nós mostraremos a própria interpretação dele.”
8 Respondeu o rei e disse: “Deveras, percebo que estais querendo ganhar tempo, porque vos apercebestes de que estou promulgando a palavra.
9 Pois, se não me fizerdes saber o próprio sonho, está sobre vós esta única sentença. Mas concordastes em dizer-me uma palavra mentirosa e errada até que se mude o próprio tempo. Por isso, dizei-me o próprio sonho, e saberei que podeis mostrar a própria interpretação dele.”
10 Os caldeus responderam perante o rei e disseram: “Não há homem na terra seca que seja capaz de mostrar o assunto do rei, porque nenhum grandioso rei ou governante [jamais] pediu tal coisa de qualquer sacerdote-mago, ou conjurador, ou caldeu.
11 Mas a coisa que o próprio rei está pedindo é difícil, e não há ninguém mais que possa mostrá-la ao rei exceto os deuses,*1 cuja morada não está absolutamente com a carne.”
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12 Por causa disso, o próprio rei ficou irado e muito furioso, e disse que destruíssem todos os sábios de Babilônia.*1
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13 E saiu a própria ordem, e os sábios estavam para ser mortos;*1 e estavam procurando Daniel e seus companheiros para que fossem mortos.
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14 Naquele tempo, Daniel,*1 da sua parte, dirigiu-se com conselho e com sensatez a Arioque, chefe da guarda pessoal do rei, que saíra para matar os sábios de Babilônia.
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15 Respondeu e disse a Arioque, o alto funcionário do rei: “Por que razão há tal ordem dura da parte do rei?” Arioque fez então saber o próprio assunto a Daniel.
16 De modo que o próprio Daniel entrou e solicitou ao rei que lhe desse tempo, especificamente para mostrar ao rei a própria interpretação.
17 Depois Daniel foi para a sua própria casa; e ele fez saber o assunto a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
18 [para que] solicitassem misericórdias da parte do Deus*1 do céu concernente a este segredo,*2 para que Daniel e seus companheiros não fossem destruídos junto com os demais sábios de Babilônia.
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19 Foi então que se revelou a Daniel o segredo numa visão noturna. Por conseguinte, o próprio Daniel bendisse o Deus do céu.*1
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20 Daniel respondeu e disse: “Seja bendito o nome de Deus*1 de tempo indefinido a tempo indefinido, pois a sabedoria e o poder — pois a ele é que pertencem.
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21 E ele muda os tempos*1 e as épocas, removendo reis e estabelecendo reis, dando sabedoria aos sábios e conhecimento aos que têm discernimento.
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22 Ele revela as coisas profundas e as coisas escondidas, sabendo o que há na escuridão; e com ele habita a luz.
23 A ti, ó Deus de meus antepassados, dou louvor e elogio, porque me deste sabedoria e poder. E agora me fizeste saber o que te solicitamos, porque nos fizeste saber o próprio assunto do rei.”
24 Por causa disso, o próprio Daniel foi ter com Arioque, a quem o rei designara para destruir os sábios de Babilônia. Entrou e disse-lhe o seguinte: “Não destruas a nenhum dos sábios de Babilônia. Leva-me perante o rei, para que eu mostre ao rei a própria interpretação.”
25 Foi então que Arioque levou Daniel depressa perante o rei e disse-lhe o seguinte: “Achei um varão vigoroso dos exilados*1 de Judá, que pode fazer saber ao rei a própria interpretação.”
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26 O rei respondeu e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar:*1 “És tu suficientemente competente para me fazer saber o sonho que vi e a sua interpretação?”
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27 Daniel respondeu perante o rei e disse: “O segredo que o próprio rei pede, nem os próprios sábios, nem os conjuradores, nem os sacerdotes-magos, [nem] os astrólogos podem mostrar ao rei.
28 No entanto, há nos céus um Deus*1 que é Revelador de segredos, e ele fez saber ao Rei Nabucodonosor*2 o que há de acontecer na parte final dos dias. Teu sonho e as visões da tua cabeça, na tua cama — são o seguinte:
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29 “No que se refere a ti, ó rei, surgiram na tua cama os teus próprios pensamentos quanto ao que há de acontecer depois disso, e Aquele que é Revelador de segredos te fez saber o que há de acontecer.
30 E no que se refere a mim, não é por meio de qualquer sabedoria que haja em mim mais do que em quaisquer outros viventes que este segredo me foi revelado, exceto com o objetivo de que se desse a conhecer a interpretação ao próprio rei e para que soubesses os pensamentos do teu coração.
31 “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis uma enorme estátua. Esta estátua, que era grande e cujo esplendor era extraordinário, erguia-se na tua frente, e sua aparência era atemorizante.
32 Quanto à estátua, sua cabeça era de ouro bom, seu peito e seus braços eram de prata, seu ventre e suas coxas eram de cobre,
33 suas pernas eram de ferro, seus pés eram parcialmente de ferro e parcialmente de argila modelada.
34 Estavas olhando até que se cortou*1 uma pedra,*2 sem mãos, e ela golpeou a estátua nos seus pés de ferro e de argila modelada, e os esmiuçou.
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35 Nesta ocasião, o ferro, a argila modelada, o cobre, a prata e o ouro foram juntos esmiuçados e tornaram-se como a pragana da eira do verão, e o vento*1 os levou embora, de modo que não se achou nenhum traço deles. E no que se refere à pedra que golpeou a estátua, tornou-se um grande monte e encheu a terra inteira.
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36 “Este é o sonho, e nós diremos a sua interpretação perante o rei.
37 Tu, ó rei, rei de reis, tu, a quem o Deus do céu deu o reino, a potência, e o poderio, e a dignidade,
38 e em cuja mão, onde quer que habitem os filhos da humanidade, entregou os animais do campo e as criaturas aladas dos céus, e a quem ele fez governante sobre todos eles, tu mesmo és a cabeça de ouro.
39 “E depois de ti surgirá outro reino, inferior a ti;*1 e outro reino, um terceiro, de cobre, que dominará sobre a terra inteira.
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40 “E no que se refere ao quarto reino, mostrar-se-á forte como o ferro. Visto que o ferro esmiúça e tritura tudo o mais, assim, qual ferro que quebranta, esmiuçará e quebrantará a todos estes.
41 “E quanto aos pés e aos dedos dos pés, que viste serem parcialmente de argila modelada de oleiro e parcialmente de ferro, o próprio reino se mostrará dividido, porém, mostrar-se-á haver nele algo da dureza do ferro, uma vez que viste o ferro misturado com argila úmida.
42 E quanto aos dedos dos pés serem parcialmente de ferro e parcialmente de argila modelada, o reino mostrar-se-á parcialmente forte e mostrar-se-á parcialmente frágil.
43 Quanto ao que viste o ferro misturado com argila úmida, virão a estar misturados com a descendência*1 da humanidade; porém, não mostrarão estar apegados um ao outro, do mesmo modo como o ferro não se mistura com argila modelada.
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44 “E nos dias daqueles reis*1 o Deus do céu estabelecerá um reino*2 que jamais será arruinado. E o próprio reino*3 não passará a qualquer outro povo. Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos;
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45 pois viste que se cortou do monte uma pedra, sem mãos, e [que] ela esmiuçou o ferro, o cobre, a argila modelada, a prata e o ouro. O próprio grandioso Deus*1 tem dado a conhecer ao rei o que há de acontecer depois disso. E o sonho é certo e a sua interpretação é fidedigna.”
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46 Então o próprio Rei Nabucodonosor lançou-se com o rosto [por terra] e prestou homenagem a Daniel, e ele disse que se lhe oferecessem um presente e incenso.
47 O rei respondeu a Daniel e disse: “Verdadeiramente, vosso Deus*1 é Deus de deuses*2 e Senhor de reis, e Revelador de segredos, porque pudeste revelar este segredo.”
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48 Conseqüentemente, o rei fez de Daniel alguém grande e deu-lhe muitas dádivas grandes, e o fez governante de todo o distrito jurisdicional de Babilônia e prefeito supremo sobre todos os sábios de Babilônia.
49 E Daniel, da sua parte, fez uma solicitação ao rei e este designou Sadraque,*1 Mesaque*2 e Abednego*3 sobre a administração do distrito jurisdicional de Babilônia, mas Daniel estava na corte*4 do rei.
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