Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

Daniel

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Daniel, 4

1 “Nabucodonosor, o rei, a todos os povos, grupos nacionais e línguas que habitam em toda a terra: Aumente a vossa paz.

2 Pareceu-me bem declarar os sinais e as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou para comigo.

3 Quão grandiosos são os seus sinais e quão poderosas são as suas maravilhas! Seu reino é um reino por tempo indefinido e seu domínio é para geração após geração.

4 *1 “Eu, Nabucodonosor, vim a estar tranqüilo na minha casa e a prosperar no meu palácio.

  1. MLXXBagsterVg começam aqui o cap. 4.

5 Houve um sonho que tive e ele começou a atemorizar-me. E havia imagens mentais sobre a minha cama e visões da minha cabeça que começaram a amedrontar-me.

6 E dei ordem para que se fizessem entrar perante mim todos os sábios de Babilônia, a fim de que me fizessem saber a própria interpretação do sonho.

7 “Naquele tempo entraram os sacerdotes-magos, os conjuradores, os caldeus e os astrólogos; e eu relatava na frente deles qual tinha sido o sonho, mas não me fizeram saber a sua interpretação.

8 E por fim entrou perante mim Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome de meu deus, e em quem há o espírito dos deuses*1 santos; e relatei perante ele qual tinha sido o sonho:

  1. Veja v. 18 n.

9 “‘Ó Beltessazar, chefe dos sacerdotes-magos, visto que eu mesmo bem sei que há em ti o espírito dos deuses santos e que não há absolutamente nenhum segredo*1 que te perturbe, dize-me as visões do meu sonho que vi e a sua interpretação.

  1. “Segredo.” Aram.: raz; Th(gr.): my·sté·ri·on; lat.: sa·cra·mén·tum.

10 “‘Ora, aconteceu que eu estava vendo as visões da minha cabeça, sobre a minha cama, e eis que havia uma árvore no meio da terra, sendo enorme a sua altura.

11 A árvore tornou-se grande e ficou forte, e a própria altura dela por fim atingiu os céus, e ela era visível*1 até a extremidade da terra inteira.

  1. Lit.: “e o aspecto dela era”.

12 Sua folhagem era bela e seu fruto abundante, e havia nela alimento para todos. Debaixo dela os animais do campo procuravam sombra e nos seus galhos habitavam as aves dos céus, e toda a carne se alimentava dela.

13 “‘Eu continuei a ver nas visões da minha cabeça, sobre a minha cama, e eis que havia um vigilante,*1 sim, um santo, descendo dos próprios céus.

  1. “Um vigilante.” Aram.: ‛ir; LXXBagster(gr.): eir; gr.: ág·ge·los, “anjo”; lat.: ví·gil.

14 Ele clamava em alta *1 e dizia o seguinte: “Derrubai a árvore e cortai-lhe os galhos. Sacudi a sua folhagem e espalhai os seus frutos. Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos.

  1. Lit.: “com energia vital”.

15 Todavia, deixai-lhe o próprio toco na terra, sim, com banda de ferro e de cobre, entre a relva do campo; e seja molhado pelo orvalho dos céus e seja seu quinhão entre a vegetação da terra.

16 Mude-se-lhe o coração daquele do gênero humano e dê-se-lhe um coração de animal, e passem sobre ele sete tempos.*1

  1. Ou “tempos designados (definidos)”; ou: “períodos de tempo”. Aram.: ‛id·da·nín; gr.: é·te, “anos”; LXXBagster(gr.): kai·roí, “tempos designados”; lat.: tém·po·ra, “tempos”. “Anos”, BDB, p. 1105; KB, p. 1106; Lexicon Linguae Aramaicae Veteris Testamenti, de E. Vogt, Roma, 1971, p. 124. “Sete tempos”, visto que sete anos são duas vezes três tempos e meio. Veja 7:25 n.: “tempo”; 12:7 n.: “metade”.

17 A coisa é por decreto dos vigilantes*1 e o pedido é [pela] declaração dos santos, para que os viventes saibam que o Altíssimo é Governante*2 no reino da humanidade*3 e que ele o dá a quem quiser, e estabelece nele até mesmo o mais humilde da humanidade.”*4

  1. “Vigilantes.” Aram.: ‛i·rín; LXXBagster(gr.): eir; lat.: ví·gi·lum.

  2. Ou “está governando”. Aram.: shal·lít.

  3. “Humanidade.” Aram.: ’anow·shá’.

  4. “E . . . o mais humilde da humanidade.” Aram.: u·shefál ’ana·shím (pl. de ’enásh).

18 “‘Este foi o sonho visto por mim, o Rei Nabucodonosor; e tu mesmo, ó Beltessazar, dize qual é a interpretação, visto que todos os [outros] sábios do meu reino são incapazes de me fazerem saber a própria interpretação. Mas tu és competente, porque há em ti o espírito de deuses*1 santos.’

  1. “Espírito de deuses.” Aram.: ruahh-’ela·hín; lat.: spí·ri·tus de·ó·rum.

19 “Nisso o próprio Daniel, cujo nome é Beltessazar, ficou por um momento estarrecido e seus próprios pensamentos começaram a amedrontá-lo. “O rei respondeu e disse: ‘Ó Beltessazar, não te amedrontem o sonho e a interpretação.’ “Beltessazar respondeu e disse: ‘Ó meu senhor,*1 [aplique-se] o sonho aos que te odeiam e a sua interpretação aos teus adversários.

  1. “Ó meu senhor.” Aram.: ma·ri’ý.

20 “‘A árvore que viste, que se tornou grande e ficou forte, e cuja altura finalmente atingiu os céus, e que era visível a toda a terra,

21 e cuja folhagem era bela e cujo fruto era abundante, e em que havia alimento para todos; debaixo da qual habitavam os animais do campo e em cujos galhos residiam as aves dos céus,

22 és tu, ó rei, porque te tornaste grande e ficaste forte, e tua grandiosidade cresceu e atingiu os céus, e teu domínio, a extremidade da terra.

23 “‘E sendo que o rei viu um vigilante,*1 sim, um santo, descendo dos céus, dizendo também: “Derrubai a árvore e arruinai-a. Todavia, deixai-lhe o toco na terra, mas com banda de ferro e de cobre, entre a relva do campo, e seja molhado pelo orvalho dos céus e seja seu quinhão com os animais do campo, até terem passado sobre ele sete tempos”,*2

  1. “Um vigilante.” Aram.: ‛ir; LXXBagster(gr.): eir; lat.: ví·gi·lem.

  2. Veja v. 16 n.

24 esta é a interpretação, ó rei, e o decreto do Altíssimo é o que tem de sobrevir ao meu senhor,*1 o rei.

  1. “Meu senhor.” Aram.: ma·ri’ý.

25 E expulsar-te-ão de entre os homens e tua morada virá a ser com os animais do campo, e vegetação é o que te darão para comer, como a touros; e tu mesmo virás a ser molhado pelo orvalho dos céus, e passarão mesmo sete tempos*1 sobre ti, até saberes que o Altíssimo é Governante*2 no reino da humanidade*3 e que ele o dá a quem quiser.

  1. Veja v. 16 n.

  2. Ou “está governando”.

  3. Ou “dos homens”. Aram.: ’ana·shá’.

26 “‘E por terem dito que se deixasse o toco da árvore, teu reino te estará assegurado depois de saberes que são os céus que governam.

27 Portanto, ó rei, pareça-te bom o meu conselho, e remove os teus próprios pecados por meio da justiça e a tua iniqüidade por teres misericórdia para com os pobres. Talvez venha a haver um prolongamento da tua prosperidade.’”

28 Tudo isso sobreveio a Nabucodonosor, o rei.

29 Ao fim de doze meses lunares aconteceu que ele estava passeando sobre o palácio real de Babilônia.

30 O rei respondeu e disse: “Não é esta Babilônia, a Grande, que eu mesmo construí para a casa real com o poderio da minha potência e para a dignidade da minha majestade?”

31 Enquanto a palavra estava ainda na boca do rei, houve uma voz baixando dos céus: “A ti se diz, ó Nabucodonosor, o rei: ‘O próprio reino se afastou de ti

32 e a ti mesmo expulsarão de entre a humanidade, e tua morada será com os animais do campo. A ti mesmo darão vegetação para comer, como a touros, e sete tempos*1 é que passarão sobre ti, até saberes que o Altíssimo é Governante*2 no reino da humanidade*3 e que ele o dá a quem quiser.’”

  1. Veja v. 16 n.

  2. Ou “está governando”.

  3. Veja v. 25 n.: “humanidade”.

33 Naquele instante cumpriu-se a própria palavra em Nabucodonosor e ele foi expulso de entre a humanidade, e começou a comer vegetação como os touros, e seu próprio corpo foi molhado pelo orvalho dos céus, até que seu cabelo ficou tão comprido como [penas de] águias, e suas unhas, como [garras] de aves.

34 “E ao fim dos dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu e meu próprio entendimento começou a retornar a mim; e eu bendisse o próprio Altíssimo, e louvei e glorifiquei Aquele que vive por tempo indefinido, porque seu domínio é um domínio por tempo indefinido e seu reino é para geração após geração.

35 E todos os habitantes da terra são considerados como simplesmente nada, e ele age segundo a sua própria vontade*1 entre o exército dos céus e os habitantes da terra. E não há quem lhe possa deter a mão ou quem lhe possa dizer: ‘Que estás fazendo?’

  1. Ou “e . . . segundo o seu próprio desejo”. Aram.: u·khemits·beyéh, um infinitivo.

36 “Ao mesmo tempo começou a retornar a mim o meu próprio entendimento, e para a dignidade do meu reino começaram a retornar a mim a minha majestade e o meu esplendor; e até mesmo os meus altos funcionários reais e os meus grandes começaram a procurar-me ansiosamente, e fui restabelecido no meu próprio reino e acrescentou-se-me extraordinária grandeza.

37 “Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, e enalteço, e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e seus caminhos são justiça,*1 e porque ele é capaz de humilhar os que andam em orgulho.”

  1. Ou “julgamento”. Aram.: din.