Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

Marcos

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Marcos, 4

1 E ele principiou novamente a ensinar à beira do mar. E ajuntou-se perto dele uma multidão muito grande, de modo que entrou num barco e ficou sentado lá fora no mar, mas toda a multidão estava à beira do mar, em terra.

2 Começou assim a ensinar-lhes muitas coisas com ilustrações e a dizer-lhes no seu ensino:

3 “Escutai. Eis que o semeador saiu a semear.

4 E, ao passo que semeava, alguma [semente] caiu à beira da estrada, e vieram as aves e a comeram.

5 E outra [semente] caiu no lugar pedregoso, onde, naturalmente, não tinha muito solo, e brotou imediatamente, por não ter profundidade de solo.

6 Mas, ao se levantar o sol, ficou queimada, e, por não ter raiz, secou-se.

7 E outra [semente] caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram, e ela não deu fruto.

8 Mas outras caíram em solo excelente, e, crescendo e aumentando, começaram a dar fruto, e deram trinta, e sessenta, e cem vezes mais.”

9 Ele acrescentou então a palavra: “Escute aquele que tem ouvidos para escutar.”

10 Então, quando ficou sozinho, os em volta dele, com os doze, começaram a interrogá-lo sobre as ilustrações.

11 E ele passou a dizer-lhes: “A vós tem sido dado o segredo sagrado do reino de Deus, mas, para os de fora, todas as coisas ocorrem em ilustrações,

12 a fim de que, olhando, olhem mas não vejam, e, ouvindo, ouçam mas não compreendam o sentido disso, nem jamais se voltem e se lhes dê perdão.”

13 Outrossim, disse-lhes: “Vós não sabeis esta ilustração, e, portanto, como entendereis todas as outras ilustrações?

14 “O semeador semeia a palavra.

15 Estes, então, são os à beira da estrada, onde se semeia a palavra; mas, assim que [a] ouvem, vem Satanás e tira a palavra que foi semeada neles.

16 E, semelhantemente, estes são os semeados nos lugares pedregosos: assim que ouvem a palavra, aceitam-na com alegria.

17 Contudo, não têm raiz em si mesmos, mas continuam por algum tempo; então, assim que surge tribulação ou perseguição por causa da palavra, tropeçam.

18 Há ainda outros que são semeados entre os espinhos; estes são os que ouviram a palavra,

19 mas as ansiedades deste sistema de coisas*1 e o poder enganoso das riquezas, e os desejos do resto das coisas, estão intervindo e sufocam a palavra, e ela se torna infrutífera.

  1. Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “[de] a ordem de coisas”.

20 Finalmente, os que foram semeados em solo excelente são os que escutam a palavra e a recebem favoravelmente, e dão fruto, trinta, e sessenta, e cem vezes mais.”

21 E prosseguiu a dizer-lhes: “Será que se traz uma lâmpada para ser posta debaixo dum cesto de medida ou debaixo duma cama? Não é trazida para ser posta sobre um velador?

22 Pois não há nada escondido, exceto com o fim de ser exposto; nada tem ficado cuidadosamente oculto, a não ser com o fim de vir à tona.

23 Escute quem tem ouvidos para escutar.”

24 Disse-lhes mais ainda: “Prestai atenção ao que estais ouvindo. Com a medida com que medirdes, será medido para vós, sim, ainda se vos acrescentará mais.

25 Pois ao que tem, mais será dado; mas ao que não tem, até o que tem será tirado dele.”

26 Prosseguiu assim dizendo: “Deste modo, o reino de Deus é como quando um homem lança semente no solo,

27 e dorme à noite e se levanta de dia, e a semente brota e cresce alta, e ele não sabe exatamente como.

28 O solo, por si mesmo, dá gradualmente fruto, primeiro a lâmina, depois a espiga, finalmente o grão cheio na espiga.

29 Mas, assim que o fruto o permite, ele mete a foice, porque veio o tempo da colheita.”

30 E prosseguiu dizendo: “A que compararemos o reino de Deus, ou com que ilustração o definiremos?

31 Semelhante a um grão de mostarda, que ao tempo em que é semeado no solo é a menor de todas as sementes que há na terra —

32 mas, depois de semeado, brota e se torna maior do que todas as outras hortaliças e produz grandes ramos, de modo que as aves do céu podem achar pousada sob a sua sombra.”

33 Assim, com muitas ilustrações desta sorte, falava-lhes a palavra, até onde eram capazes de escutar.

34 Deveras, não lhes falava sem ilustração, mas explicava todas as coisas em particular, aos seus discípulos.

35 E naquele dia, ao cair a noite, disse-lhes: “Passemos para a outra margem.”

36 Assim, depois de terem despedido a multidão, levaram-no, assim como estava, no barco, e havia outros barcos com ele.

37 Levantou-se então uma violenta tempestade de vento e as ondas abatiam-se sobre o barco, de modo que o barco estava ficando inundado.

38 Mas ele estava na popa, dormindo sobre um travesseiro. Acordaram-no assim e disseram-lhe: “Instrutor, não te importas que estejamos prestes a perecer?”

39 E ele, acordando, censurou o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!” E o vento cessou, e deu-se uma grande calmaria.

40 Disse-lhes então: “Por que sois medrosos? Não tendes ainda nenhuma fé?”

41 Mas eles sentiam um temor incomum e diziam um ao outro: “Quem é realmente este, porque até mesmo o vento e o mar lhe obedecem?”