Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

Marcos

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Marcos, 14

1 Ora, a páscoa e a [festividade dos] pães não fermentados era dali a dois dias. E os principais sacerdotes e os escribas estavam procurando um meio de se apoderarem dele por meio dum ardil e de o matarem;

2 pois diziam repetidas vezes: “Não durante a festividade; talvez haja um alvoroço do povo.”

3 E, enquanto ele estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, ao estar recostado durante uma refeição, veio uma mulher com um vaso de alabastro com óleo perfumado, nardo genuíno, muito dispendioso. Rompendo o vaso de alabastro, começou a derramá-lo sobre a cabeça dele.

4 À vista disso, alguns expressavam indignação entre si mesmos: “Por que se deu este desperdício de óleo perfumado?

5 Pois este óleo perfumado poderia ter sido vendido por mais de trezentos denários*1 e dado aos pobres!” E sentiam grande desgosto com ela.

  1. Veja 6:37 n.

6 Mas Jesus disse: “Deixai-a. Por que procurais causar-lhe aflição? Ela fez uma ação excelente para comigo.

7 Porque vós sempre tendes convosco os pobres, e quando quiserdes, podeis sempre fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre tendes.

8 Ela fez o que pôde; antecipou-se em derramar óleo perfumado sobre o meu corpo, em vista de meu enterro.

9 Deveras, eu vos digo: Onde quer que se pregarem as boas novas em todo o mundo, o que esta mulher fez também será contado em lembrança dela.”

10 E Judas Iscariotes, um dos doze, dirigiu-se aos principais sacerdotes, a fim de traí-lo a eles.

11 Quando ouviram isso, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro de prata. Ele começou assim a buscar um modo de traí-lo convenientemente.

12 Ora, no primeiro dia dos*1 pães não fermentados, quando costumavam sacrificar a [vítima] pascoal, seus discípulos disseram-lhe: “Aonde queres que vamos e preparemos para comeres a páscoa?”

  1. Veja Mt 26:17 n.

13 Em vista disso, ele enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: “Ide à cidade, e um homem levando um vaso de barro com água virá ao encontro de vós. Segui-o,

14 e onde quer que ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Instrutor diz: “Onde está a sala dos hóspedes para mim, onde eu possa comer a páscoa com meus discípulos?”’

15 E ele vos mostrará uma grande sala de sobrado, mobiliada em preparação; ali preparai para nós.”

16 Os discípulos saíram, assim, e entraram na cidade, e acharam-no assim como ele lhes dissera; e fizeram preparativos para a páscoa.

17 Depois de anoitecer, chegou ele com os doze.

18 E, enquanto se recostavam à mesa e comiam, Jesus disse: “Deveras, eu vos digo: Um de vós, que está comendo comigo, me trairá.”

19 Eles principiaram a ficar contristados e a dizer-lhe um por um: “Não sou por acaso eu?”

20 Ele lhes disse: “É um dos doze, aquele que mete comigo [a mão] no prato fundo comum.

21 É verdade, o Filho do homem vai embora, assim como está escrito a respeito dele, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem está sendo traído! Teria sido melhor para este homem, se não tivesse nascido.”

22 E, enquanto continuavam a comer, tomou um pão, proferiu uma bênção, partiu-o e o deu a eles, e disse: “Tomai-o, isto significa meu corpo.”

23 E, tomando um copo, rendeu graças e o deu a eles, e todos beberam dele.

24 E disse-lhes: “Isto significa*1 meu ‘sangue do pacto’, que há de ser derramado em benefício de muitos.

  1. Ou “é”, no sentido de significar, importar em, representar. Veja Mt 26:26 n.

25 Deveras, eu vos digo: De modo algum beberei mais do produto da videira, até o dia em que o beberei novo*1 no reino de Deus.”

  1. “Novo”, isto é, o produto novo da videira.

26 Finalmente, depois de cantarem louvores,*1 saíram para o Monte das Oliveiras.

  1. Ou “hinos; salmos”. Sem dúvida, os Salmos de Halel. Veja Sal. 114:1 n.

27 E Jesus disse-lhes: “Todos vós tropeçareis, porque está escrito: ‘Golpearei o pastor, e as ovelhas serão espalhadas.’

28 Mas, depois de eu ter sido levantado, irei na frente de vós para a Galiléia.”

29 Mas Pedro disse-lhe: “Ainda que todos os outros tropecem, eu não.”

30 Em vista disso, Jesus disse-lhe: “Deveras, eu te digo: Hoje, sim, esta noite, antes de o galo cantar duas vezes, até mesmo tu me terás repudiado três vezes.”

31 Mas ele começou a dizer profusamente: “Mesmo que eu tenha de morrer contigo, de modo algum te repudiarei.” Também todos os outros começaram a dizer a mesma coisa.

32 Chegaram assim ao lugar de nome Getsêmani, e ele disse aos seus discípulos: “Sentai-vos aqui enquanto eu oro.”

33 E tomou a Pedro, e a Tiago, e a João, e principiou a ficar atônito e muito aflito.

34 E ele lhes disse: “Minha alma está profundamente contristada, até à morte. Ficai aqui e mantende-vos vigilantes.”

35 E, avançando um pouco, passou a prostrar-se no chão e começou a orar que, se fosse possível, a hora se afastasse dele.

36 E prosseguiu a dizer: “Aba,*1 Pai, todas as coisas te são possíveis; remove de mim este copo. Contudo, não o que eu quero, mas o que tu queres.”

  1. Esta é uma palavra aram. que significa “o pai”, ou: “Ó Pai!” Gr.: Ab·bá; J17,22(hebr.): ’Ab·bá’.

37 E veio e os achou dormindo, e disse a Pedro: “Simão, estás dormindo? Não tiveste força para te manteres vigilante por uma hora?

38 Homens, mantende-vos vigilantes e orai, a fim de que não entreis em tentação. O espírito, naturalmente, está ansioso, mas a carne é fraca.”

39 E ele se afastou novamente e orou, dizendo a mesma palavra.

40 E veio novamente e os achou dormindo, pois estavam com os olhos pesados, e por isso não sabiam o que lhe responder.

41 E veio pela terceira vez e disse-lhes: “Numa ocasião destas, vós estais dormindo e descansando! Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo traído às mãos de pecadores.

42 Levantai-vos, vamos embora. Eis que se tem aproximado aquele que me trai.”

43 E imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e cacetes, da parte dos principais sacerdotes, e dos escribas, e dos anciãos.

44 Ora, o que o traía havia-lhes dado um sinal convencionado, dizendo: “A quem eu beijar, este é ele; detende-o e levai-o seguramente*1 embora.”

  1. Ou “sem falta”.

45 E ele veio diretamente e se aproximou dele, e disse: “Rabi!” e beijou-o mui ternamente.

46 Deitaram assim mãos nele e o detiveram.

47 No entanto, um dos que estavam parados ali puxou a espada e golpeou o escravo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha.

48 Mas Jesus, em resposta, disse-lhes: “Viestes com espadas e com cacetes, como contra um salteador, para prender-me?

49 Dia após dia estava eu convosco no templo, ensinando; contudo, não me detivestes. Não obstante, é para que se cumpram as Escrituras.”

50 E todos o abandonaram e fugiram.

51 Mas, certo jovem, que usava uma roupa de linho fino por cima do [corpo] nu, começou a segui-lo de perto; e tentaram apoderar-se dele,

52 mas ele largou a sua roupa de linho e escapou nu.*1

  1. Ou “pouco vestido”. Veja Mt 25:36 n.

53 Levaram então Jesus ao sumo sacerdote, e todos os principais sacerdotes, e os anciãos, e os escribas, reuniram-se.

54 Mas Pedro, duma boa distância, seguia-o até o pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado junto com os criados e se aquecia diante dum fogo.

55 No ínterim, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte, mas não encontravam nenhum.

56 Muitos, de fato, davam testemunho falso contra ele, mas os seus testemunhos não estavam em acordo.

57 Levantaram-se também certos e deram testemunho falso contra ele, dizendo:

58 “Nós o ouvimos dizer: ‘Derrubarei este templo*1 feito por mãos e em três dias construirei outro, não feito por mãos.’”

  1. Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·ón; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): ha·heh·khál, “o palácio (templo)”.

59 Mas, nem mesmo nesta base estava em acordo o seu testemunho.

60 Por fim se levantou o sumo sacerdote no meio deles e interrogou Jesus, dizendo: “Não dizes nada em resposta? O que é que estes testificam contra ti?”

61 Mas ele ficou calado e não deu nenhuma resposta. O sumo sacerdote começou novamente a interrogá-lo e disse-lhe: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?”

62 Jesus disse então: “Sou; e vós vereis o Filho do homem sentado à destra de poder e vindo*1 com as nuvens do céu.”

  1. “Vindo.” Em gr.: er·khó·me·non.

63 Em vista disso, o sumo sacerdote rasgou a sua roupa interior e disse: “Que necessidade temos ainda de testemunhas?

64 Ouvistes a blasfêmia. O que vos é evidente?” Todos o condenaram a estar sujeito à morte.

65 E alguns principiaram a cuspir nele, e a encobrir-lhe o rosto todo, e a esmurrá-lo, e a dizer-lhe: “Profetiza!” E os oficiais de justiça levaram-no, esbofeteando-lhe o rosto.

66 Ora, enquanto Pedro estava sentado embaixo, no pátio, veio uma das servas do sumo sacerdote,

67 e, vendo Pedro aquecer-se, olhou diretamente para ele e disse: “Tu também estavas com o Nazareno, este Jesus.”

68 Mas ele o negou, dizendo: “Nem o conheço nem entendo*1 o que dizes”, e saiu para o vestíbulo.

  1. Ou: “Nem conheço, nem entendo.”

69 Avistando-o ali a serva, principiou novamente a dizer aos que estavam parados ali: “Este é um deles.”

70 Negou-o novamente. E mais uma vez, pouco depois, os que estavam parados ali começaram a dizer a Pedro: “Certamente tu és um deles, pois, de fato, és galileu.”

71 Mas ele principiou a praguejar e a jurar: “Não conheço este homem de quem falais.”

72 E imediatamente cantou um galo, pela segunda vez; e Pedro lembrou-se da declaração que Jesus lhe fizera: “Antes de o galo cantar duas vezes, repudiar-me-ás três vezes.” E ele ficou abatido e se entregou ao choro.