Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

Lucas

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Lucas, 8

1 Pouco depois, ele viajava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando*1 e declarando as boas novas do reino de Deus. E os doze estavam com ele,

  1. Ou “proclamando”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans.

2 bem como certas mulheres que tinham sido curadas de espíritos iníquos e de doenças, Maria, a chamada Madalena, da qual saíram sete demônios,

3 e Joana, esposa de Cuza, encarregado de Herodes, e Susana, e muitas outras mulheres, que lhes ministravam de seus bens.

4 Tendo-se então reunido uma grande multidão com os que se dirigiam a ele de cidade após cidade, falou por meio duma ilustração:

5 “Um semeador saiu a semear a sua semente. Ora, ao passo que semeava, parte dela caiu à beira da estrada e foi pisada, e as aves do céu a comeram.

6 Outra caiu sobre a rocha, e, depois de brotar, secou-se, porque não tinha umidade.

7 Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos que cresceram junto com ela a sufocaram.

8 Outra caiu em solo bom, e, depois de brotar, produziu fruto cem vezes mais.” Ao dizer-lhes estas coisas, passou a clamar: “Escute aquele que tem ouvidos para escutar.”

9 Mas os seus discípulos começaram a perguntar-lhe o que significava esta ilustração.

10 Ele disse: “A vós é concedido entender os segredos sagrados do reino de Deus, mas para os demais é em ilustrações, a fim de que, embora olhem, olhem em vão, e, embora ouçam, não compreendam o significado.

11 Ora, a ilustração significa o seguinte: A semente é a palavra de Deus.

12 Os à beira da estrada são os que ouviram, depois vem o Diabo e tira dos seus corações a palavra, a fim de que não creiam e sejam salvos.

13 Aqueles na rocha são os que, quando a ouvem, recebem a palavra com alegria, mas esses não têm raiz; crêem por certa época, mas numa época de prova afastam-se.

14 Quanto à que caiu entre os espinhos, estes são os que têm ouvido, mas, por serem arrebatados pelas ansiedades, e riquezas, e prazeres desta vida, ficam completamente sufocados e não trazem nada à perfeição.

15 Quanto àquela em solo excelente, estes são os que, depois de ouvirem a palavra com um coração excelente e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.

16 “Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a cobre com um vaso ou a põe debaixo duma cama, mas a coloca num velador, para que os que entram possam observar a luz.

17 Pois, não há nada escondido que não se torne manifesto, tampouco há nada cuidadosamente oculto que nunca se torne conhecido e nunca venha à tona.

18 Portanto, prestai atenção a como escutais; pois a quem tiver, mais será dado, mas quem não tiver, até mesmo o que imagina ter lhe será tirado.”

19 Vieram ter com ele então sua mãe e seus irmãos, mas não puderam chegar a ele por causa da multidão.

20 No entanto, relatou-se-lhe: “Tua mãe e teus irmãos estão parados lá fora, querendo ver-te.”

21 Em resposta, ele lhes disse: “Minha mãe e meus irmãos são estes os que ouvem a palavra de Deus e a praticam.”

22 No decorrer de um daqueles dias, ele e seus discípulos entraram num barco, e ele lhes disse: “Passemos para o outro lado do lago.” Assim, fizeram-se à vela.

23 Mas, enquanto velejavam, ele adormeceu. Abateu-se então uma violenta tempestade de vento sobre o lago, e começaram a ficar inundados e a estar em perigo.

24 Por fim se dirigiram a ele e o acordaram, dizendo: “Preceptor, Preceptor, estamos prestes a perecer!” Acordando, censurou o vento e a fúria da água, e eles cessaram, e deu-se uma calmaria.

25 Então lhes disse: “Onde está a vossa fé?” Mas eles se maravilhavam, tomados de temor, dizendo um ao outro: “Quem é realmente este, porque dá ordens até mesmo aos ventos e à água, e eles lhe obedecem?”

26 E rumaram para a margem no país dos gerasenos,*1 que se acha no lado oposto à Galiléia.

  1. “Gerasenos”, P75BDItVg; א: “gergesenos”; ASyp,s: “gadarenos”.

27 Mas, ao saltar em terra, veio encontrá-lo certo homem da cidade, que tinha demônios. E ele não tinha usado roupa por bastante tempo, e ficava, não em casa, mas entre os túmulos.

28 À vista de Jesus, gritou alto e prostrou-se diante dele, e disse com voz alta: “Que tenho eu contigo,*1 Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Eu te peço que não me atormentes.”

  1. Esta é uma expressão idiomática; é uma pergunta de repulsa, indicando objeção. Veja Ap. 7B.

29 (Pois ele tinha ordenado ao espírito impuro que saísse do homem. Porque por longo tempo o mantivera agarrado, e ele fora repetidas vezes amarrado com cadeias e grilhões, sob guarda, mas rebentava os laços e era impelido pelo demônio para os lugares solitários.)

30 Jesus perguntou-lhe: “Qual é teu nome?” Ele disse: “Legião”, porque muitos demônios haviam entrado nele.

31 E suplicavam-lhe que não lhes ordenasse que se afastassem para o abismo.*1

  1. Ou “a profundeza”. Veja Ro 10:7.

32 Ora, ali no monte pastava uma manada de um número considerável de porcos; de modo que lhe suplicaram que lhes permitisse entrar nesses. E ele lhes deu permissão.

33 Os demônios saíram então do homem e entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo para dentro do lago e se afogou.

34 Mas, quando os porqueiros viram o que tinha acontecido, fugiram e o relataram na cidade e na zona rural.

35 As pessoas chegaram-se então para ver o que tinha acontecido, e chegaram a Jesus e encontraram o homem, de quem saíram os demônios, vestido e de são juízo, sentado aos pés de Jesus; e ficaram temerosos.

36 Os que tinham visto isso relataram-lhes como o homem possesso de demônios ficara bom.*1

  1. Ou “fora salvo”.

37 Assim, toda a multidão da região circunvizinha dos gerasenos*1 pediu-lhe que se afastasse deles, porque estavam tomados de grande temor. Ele entrou então no barco e afastou-se.

  1. Veja v. 26 n.

38 No entanto, o homem de quem saíram os demônios pedia-lhe para continuar com ele; mas ele despediu o homem, dizendo:

39 “Vai de volta para casa e persiste em relatar as coisas que Deus fez para ti.” Concordemente, foi embora, proclamando em toda a cidade as coisas que Jesus fizera para ele.

40 Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu benevolamente, pois todos o esperavam.

41 Mas, eis que veio um homem de nome Jairo, e este homem era um presidente da sinagoga. E ele se prostrou aos pés de Jesus e começou a suplicar-lhe que entrasse na sua casa,

42 porque tinha uma filha unigênita,*1 de cerca de doze anos, e ela estava à morte. Enquanto ia, as multidões o comprimiam.

  1. Ou “única”. Gr.: mo·no·ge·nés. Veja Jz 11:34 n.: “única”.

43 E uma mulher, por doze anos padecendo dum fluxo de sangue, que não conseguira cura da parte de ninguém,

44 aproximou-se por detrás e tocou na orla*1 de sua roupa exterior, e o seu fluxo de sangue parou instantaneamente.

  1. Ou “bainha; borla”.

45 De modo que Jesus disse: “Quem foi que me tocou?” Quando todos o negavam, Pedro disse: “Preceptor, as multidões te rodeiam e apertam.”

46 Contudo, Jesus disse: “Alguém me tocou, pois percebi que poder saiu de mim.”

47 Vendo que não passara despercebida, a mulher veio trêmula e prostrou-se diante dele, e revelou perante todo o povo a causa pela qual o tocara e como fora curada instantaneamente.

48 Mas ele lhe disse: “Filha, a tua fé te fez ficar boa;*1 vai em paz.”

  1. Ou “te salvou”.

49 Enquanto ainda falava, chegou certo representante do presidente da sinagoga, dizendo: “A tua filha morreu; não incomodes mais o instrutor.”

50 Ouvindo isso, Jesus respondeu-lhe: “Não temas, apenas exerce fé, e ela será salva.”

51 Chegando à casa, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, e João, e Tiago, e o pai e a mãe da menina.

52 E todos choravam e se batiam de pesar por ela. De modo que ele disse: “Parai de chorar, pois ela não está morta, mas dorme.”

53 Começaram então a rir-se dele desdenhosamente, porque sabiam que ela havia morrido.

54 Mas ele a tomou pela mão e chamou, dizendo: “Menina, levanta-te!”*1

  1. Ou: “desperta!”

55 E voltou-lhe o espírito*1 e ela se levantou instantaneamente, e ele ordenou que se lhe desse algo para comer.

  1. Ou “o fôlego (força de vida)”. Gr.: to pneú·ma au·tés; J17,18,22(hebr.): ru·hháh.

56 Ora, os pais dela estavam fora de si; mas ele lhes ordenou que não dissessem a ninguém o que tinha acontecido.