Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

João

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João, 6

1 Depois destas coisas, Jesus partiu, atravessando o mar da Galiléia, ou Tiberíades.

2 Mas, seguia-o uma grande multidão, porque observavam os sinais que ele realizava nos enfermos.

3 Jesus subiu assim a um monte e estava ali sentado com os seus discípulos.

4 Ora, estava próxima a páscoa, a festividade dos judeus.

5 Portanto, quando Jesus levantou os olhos e observou que uma grande multidão se chegava a ele, disse a Filipe: “Onde vamos comprar pães para estes comerem?”

6 No entanto, dizia isso para prová-lo, pois ele mesmo sabia o que ia fazer.

7 Filipe respondeu-lhe: “Pães no valor de duzentos denários*1 não bastam para eles, para que cada um tenha um pouco.”

  1. O denário era uma moeda romana de prata que pesava 3,85 g.

8 Um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9 “Há aqui um rapazinho que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas, o que são estes para tantos?”

10 Jesus disse: “Fazei os homens recostar-se como numa refeição.” Ora, havia muita grama no lugar. Os homens recostaram-se assim, cerca de cinco mil em número.

11 Jesus tomou assim os pães, e, tendo dado graças, distribuiu-os aos recostados, do mesmo modo também os peixinhos, tantos quantos quiseram.

12 Mas, quando ficaram saciados, ele disse aos seus discípulos: “Ajuntai os pedaços que sobraram, para que nada se desperdice.”

13 Eles os ajuntaram, portanto, e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada, que foram deixados pelos que haviam comido.

14 Por isso, quando os homens viram os sinais que realizava, começaram a dizer: “Este é certamente o profeta que havia de vir ao mundo.”

15 Jesus, portanto, sabendo que estavam para vir e apoderar-se dele para o fazerem rei, retirou-se novamente para o monte, sozinho.

16 Chegando a noite, seus discípulos desceram para o mar,

17 e, entrando num barco, partiram, atravessando o mar rumo a Cafarnaum. Pois bem, já ficara escuro e Jesus ainda não viera ter com eles.

18 O mar também começava a agitar-se, porque soprava um forte vento.

19 No entanto, tendo eles remado cerca de cinco ou seis quilômetros,*1 observaram Jesus andando sobre o mar e chegando perto do barco; e ficaram temerosos.

  1. Lit.: “cerca de vinte e cinco ou trinta estádios”. O estádio equivalia a um oitavo de milha romana, 185 m.

20 Mas ele lhes disse: “Sou eu; não temais!”

21 Portanto, estavam dispostos a acolhê-lo no barco, e o barco chegou logo à terra para onde procuravam ir.

22 No dia seguinte, a multidão parada do outro lado do mar viu que não havia barco, exceto um pequeno, e que Jesus não tinha entrado no barco com seus discípulos, mas que apenas os discípulos tinham partido;

23 chegaram, porém, barcos de Tiberíades às proximidades do lugar onde haviam comido os pães, depois de o Senhor*1 ter dado graças.

  1. Ou “Amo”.

24 Portanto, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entraram nos seus pequenos barcos e foram a Cafarnaum, para procurar Jesus.

25 Assim, quando o acharam do outro lado do mar, disseram-lhe: “Rabi, quando chegaste para cá?”

26 Jesus respondeu-lhes e disse: “Digo-vos em toda a verdade: Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e ficastes satisfeitos.

27 Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna, que o Filho do homem vos dará; pois neste o Pai, sim, Deus, tem posto o seu selo [de aprovação].”

28 Disseram-lhe, portanto: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?”

29 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Esta é a obra de Deus, que exerçais fé naquele a quem Este enviou.”

30 Disseram-lhe, portanto: “O que, então, realizas como sinal, a fim de que [o] vejamos e acreditemos em ti? Que obra estás fazendo?

31 Nossos antepassados comeram o maná no ermo, assim como está escrito: ‘Ele lhes deu pão do céu para comer.’”

32 Por isso, Jesus disse-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.

33 Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.”

34 Disseram-lhe, portanto: “Senhor, dá-nos sempre este pão.”

35 Jesus disse-lhes: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome, e quem exerce fé em mim, não terá mais sede.

36 Mas, eu vos tenho dito: Vós até mesmo me*1 vistes, e, contudo, não credes.

  1. “Me”, P66,75BD; אASyc,s omitem isso.

37 Tudo o que o Pai me dá virá a mim, e aquele que vem a mim, eu de modo algum enxotarei;

38 porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39 Esta é a vontade daquele que me enviou, que eu não perca nada de tudo o que ele me tem dado, mas que eu o ressuscite no último dia.

40 Pois esta é a vontade de meu Pai, que todo aquele que observa o Filho e exerce fé nele tenha vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.”

41 Os judeus começaram, portanto, a resmungar contra ele, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”;

42 e começaram a dizer: “Não é este Jesus, filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele diz agora: ‘Eu desci do céu’?”

43 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Parai de resmungar entre vós.

44 Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai, que me enviou, o atraia; e eu o ressuscitarei no último dia.

45 Está escrito nos Profetas: ‘E todos eles serão ensinados*1 por Jeová.’*2 Todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.

  1. Ou “serão os ensinados”.

  2. Veja Ap. 1D.

46 Não é que algum homem tenha visto o Pai, exceto aquele que é de Deus; este tem visto o Pai.

47 Eu vos digo em toda a verdade: Quem crê, tem vida eterna.

48 “Eu sou o pão da vida.

49 Vossos antepassados comeram o maná no ermo, e, não obstante, morreram.

50 Este é o pão que desce do céu, para que qualquer um possa comer dele e não morrer.

51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e, de fato, o pão que eu hei de dar é a minha carne a favor da vida do mundo.”

52 Portanto, os judeus começaram a contender entre si, dizendo: “Como pode este homem dar-nos sua carne para comer?”

53 Concordemente, Jesus disse-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: A menos que comais a carne do Filho do homem e bebais o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.

54 Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna, e eu o hei de ressuscitar no último dia;

55 pois a minha carne é verdadeiro alimento, e o meu sangue é verdadeira bebida.

56 Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue permanece em união comigo*1 e eu em união com ele.

  1. “Em união comigo.” Ou “em mim”. Gr.: en e·moí.

57 Assim como o Pai vivente me enviou e eu vivo por causa do Pai, também aquele que se alimenta de mim, sim, esse viverá por causa de mim.

58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como quando os vossos antepassados comeram, e, não obstante, morreram. Quem se alimentar deste pão viverá para sempre.”

59 Estas coisas ele disse enquanto estava ensinando numa assembléia pública em Cafarnaum.

60 Portanto, muitos dos seus discípulos, ao ouvirem isso, disseram: “Esta palavra é chocante; quem pode escutar isso?”

61 Mas Jesus, sabendo em si mesmo que seus discípulos estavam resmungando sobre isso, disse-lhes: “Causa-vos isso tropeço?

62 Que [seria], portanto, se observásseis o Filho do homem ascender para onde estava antes?

63 É o espírito que é vivificante; a carne não é de nenhum proveito. As declarações que eu vos tenho feito são*1 espírito e são vida.

  1. Ou “significam”. Veja Mt 12:7 n.

64 Mas, há alguns de vós que não crêem.” Pois Jesus sabia desde [o] princípio quem eram os que não criam e quem era o que o havia de trair.

65 Prosseguiu assim a dizer: “É por isso que eu vos tenho dito: Ninguém pode vir a mim, a menos que isso lhe seja concedido pelo Pai.”

66 Devido a isso, muitos dos seus discípulos foram embora para as coisas [deixadas] atrás e não andavam mais com ele.

67 Portanto, Jesus disse aos doze: “Será que vós também quereis ir?”

68 Simão Pedro respondeu-lhe: “Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna;

69 e nós cremos e viemos a saber que tu és o Santo de Deus.”

70 Jesus respondeu-lhes: “Não escolhi eu a vós doze? Contudo, um de vós é um caluniador.”*1

  1. Ou “é um diabo”. Gr.: di·á·bo·lós e·stin.

71 Ele estava, de fato, falando de Judas, [filho] de Simão Iscariotes; porque este ia traí-lo, embora [fosse] um dos doze.