Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)
Atos
Atos, 27
1 Ora, visto que se decidiu que navegássemos para a Itália, passaram a entregar tanto Paulo como certos outros prisioneiros a um oficial do exército,*1 de nome Júlio, do destacamento de Augusto.
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2 Subindo a bordo dum barco de Adramítio, que estava prestes a navegar para lugares ao longo da costa [do distrito] da Ásia, fizemo-nos à vela, estando conosco Aristarco, um macedônio de Tessalônica.
3 E no dia seguinte tocamos em Sídon, e Júlio tratou Paulo com humanitarismo*1 e lhe permitiu que visitasse seus amigos e usufruísse o cuidado [deles].
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4 E fazendo-nos ao mar, navegamos dali sob o [abrigo de] Chipre, porque os ventos eram contrários;
5 e navegamos através do mar aberto ao longo de Cilícia e Panfília, e aportamos em Mirra, na Lícia.
6 Ali, porém, o oficial do exército achou um barco*1 de Alexandria, que ia navegar para a Itália, e ele nos fez embarcar nele.
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7 Então, depois de navegarmos vagarosamente por muitos dias e chegarmos com dificuldade a Cnido, visto que o vento não nos deixava prosseguir, navegamos sob o [abrigo de] Creta, na altura de Salmone,
8 e, costeando com dificuldade, chegamos a certo lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.
9 Visto que já passara um tempo considerável e já era então perigoso navegar, porque até mesmo o jejum *1 já passara, Paulo fez uma recomendação,
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10 dizendo-lhes: “Homens, percebo que a navegação vai ser com dano e com grande perda, não só da carga e do barco, mas também de nossas almas.”*1
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11 No entanto, o oficial do exército dava mais ouvidos ao piloto e ao dono do navio do que às coisas ditas por Paulo.
12 Então, visto que o porto era inconveniente para invernar, a maioria aconselhou que se fizessem dali à vela, para ver se de algum modo podiam chegar a Fênix, um porto de Creta, que dá para o nordeste e para o sudeste,*1 para invernar.
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13 Além disso, sendo que o vento sulino soprava brandamente, pensavam que seu objetivo já estava praticamente alcançado, e levantaram âncora e costeavam o litoral de Creta.
14 Não muito tempo depois, porém, abateu-se sobre ela um vento tempestuoso, chamado Euro-aquilão.*1
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15 Visto que o barco foi apanhado com violência e não podia manter a proa contra o vento, cedemos e fomos impelidos.
16 Passamos então sob [o abrigo de] certa ilha pequena chamada Cauda, contudo, quase não pudemos apossar-nos do bote [na popa].
17 Mas, depois de o içarem para bordo, começaram a usar de recursos para cingir o barco; e, temendo encalhar em Sirte,*1 arriaram os aparelhos e eram assim impelidos.
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18 Contudo, visto que estávamos sendo violentamente sacudidos pela tempestade, começaram no [dia] seguinte a aliviar o navio;
19 e no terceiro [dia] alijaram com as suas próprias mãos a armação do barco.
20 Não havendo então aparecido nem o sol nem estrelas por muitos dias, e não sendo pequena a tempestade que se abatia sobre nós, começou finalmente a dissipar-se toda a esperança de sermos salvos.
21 E, tendo havido uma longa abstinência de comida, Paulo levantou-se então no meio deles e disse: “Homens, certamente devíeis ter aceito o meu conselho e não vos ter feito ao mar, de Creta, sofrendo tal dano e perda.
22 Ainda assim, recomendo-vos que tenhais bom ânimo, pois nem uma única alma*1 se perderá, mas apenas o barco.
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23 Porque esta noite se pôs ao meu lado um anjo do Deus a quem pertenço e a quem presto serviço sagrado,*1
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24 dizendo: ‘Não temas, Paulo. Tens de comparecer perante César, e, eis que Deus te doou todos os que navegam contigo.’
25 Portanto, homens, tende bom ânimo; pois eu acredito em Deus, que será exatamente assim como me foi dito.
26 No entanto, temos de ser lançados numa certa ilha.”
27 Ora, quando veio a décima quarta noite e nós estávamos sendo jogados de um lado para outro no [mar de] Ádria,*1 à meia-noite, os marujos começaram a suspeitar que estávamos chegando perto de alguma terra.
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28 E sondando a profundidade, acharam-na de vinte braças;*1 passaram assim uma curta distância e fizeram de novo sondagem, e acharam-na de quinze braças.
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29 E por temerem que fôssemos lançados em alguma parte contra os rochedos, lançaram quatro âncoras da popa e começaram a querer que ficasse dia.
30 Mas, quando os marujos procuravam escapar do barco e arriaram o bote ao mar, sob o pretexto de quererem deitar âncoras da proa,
31 Paulo disse ao oficial do exército e aos soldados: “A menos que estes homens permaneçam no barco, não podeis ser salvos.”
32 Os soldados cortaram então as cordas do bote e o deixaram cair.
33 Então, quando estava para amanhecer, Paulo começou a encorajar a todos juntos para que tomassem algum alimento, dizendo: “Hoje é o décimo quarto dia que tendes estado de vigília e continuais sem alimento, não tendo tomado nada para vós mesmos.
34 Portanto, encorajo-vos a tomardes algum alimento, pois isso é no interesse da vossa segurança; porque nem um único cabelo da vossa cabeça perecerá.”
35 Depois de dizer isso, tomou também um pão, deu graças a Deus perante todos eles e partiu-o, e principiou a comer.
36 Todos ficaram assim animados e começaram também a tomar alimento.
37 Ora, ao todo éramos no barco duzentas e setenta e seis*1 almas.*2
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38 Quando se saciaram do alimento, passaram a aliviar o barco, lançando o trigo ao mar.
39 Finalmente, quando ficou dia, não puderam reconhecer a terra, mas observavam certa baía com uma praia, e estavam resolvidos, se pudessem, a arremessar o navio ali.
40 Cortando assim as âncoras, deixaram-nas cair no mar; soltando ao mesmo tempo as amarras dos remos do leme, e, içando o traquete ao vento, dirigiram-se para a praia.
41 Quando deram num banco de areia banhado em ambos os lados pelo mar, encalharam o navio, e a proa se encravou e ficou imóvel, mas a popa começou a ser violentamente despedaçada.
42 Em vista disso, os soldados tomaram a resolução de matar os prisioneiros, para que ninguém escapasse nadando.
43 Mas o oficial do exército desejava manter Paulo a salvo e os conteve no propósito deles. E ele mandou que os que soubessem nadar se lançassem ao mar primeiro e chegassem à terra,
44 e que o resto o fizesse, alguns em tábuas e outros em certos objetos do barco. E assim aconteceu que todos atingiram terra a salvo.