Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)

Juízes

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Juízes, 9

1 Passado tempo, Abimeleque, filho de Jerubaal, foi a Siquém ter com os irmãos de sua mãe, e começou a falar com eles e com toda a família da casa do pai de sua mãe, dizendo:

2 “Por favor, falai aos ouvidos de todos os proprietários de terras*1 de Siquém: ‘O que é melhor para vós, que setenta homens, todos os filhos de Jerubaal, dominem sobre vós ou que um só homem domine sobre vós? E tendes de lembrar-vos de que sou vosso osso e vossa carne.’”

  1. “Proprietários de terras de.” Hebr.: ba·‛aléh; LXXVg: “homens”.

3 Portanto, os irmãos de sua mãe começaram a falar todas essas palavras a respeito dele aos ouvidos de todos os proprietários de terras de Siquém, de modo que o coração deles se inclinou para Abimeleque, pois disseram: “Ele é nosso irmão.”

4 Deram-lhe então setenta moedas de prata da casa de Baal-Berite, e com elas Abimeleque passou a contratar homens vadios e insolentes para o acompanharem.

5 Depois foi à casa de seu pai em Ofra e matou seus irmãos, os filhos de Jerubaal, setenta homens, sobre uma só pedra, mas sobrou Jotão, filho mais moço de Jerubaal, porque se tinha escondido.

6 A seguir se ajuntaram todos os proprietários de terras de Siquém e toda a casa de Milo, e foram e fizeram Abimeleque reinar como rei, perto da árvore grande, a coluna que havia em Siquém.

7 Quando se comunicou isso a Jotão, ele foi imediatamente e se pôs de pé no cume do monte Gerizim, e levantou a sua voz e clamou, e disse-lhes: “Escutai-me, ó proprietários de terras de Siquém, e escute-vos Deus:

8 “Aconteceu uma vez que as árvores foram ungir um rei sobre si. Disseram, pois, à oliveira: ‘Reina sobre nós.’

9 Mas a oliveira lhes disse: ‘Deveria eu renunciar à minha gordura com que se glorifica a Deus e os homens e deveria ir para oscilar sobre as outras árvores?’

10 As árvores disseram então à figueira: ‘Vem, reina sobre nós.’

11 Mas a figueira disse-lhes: ‘Deveria eu renunciar à minha doçura e ao meu bom produto e deveria ir para oscilar sobre as outras árvores?’

12 A seguir, as árvores disseram à videira: ‘Vem, reina sobre nós.’

13 A videira, por sua vez, disse-lhes: ‘Deveria eu renunciar ao meu vinho novo que alegra a Deus e os homens e deveria ir para oscilar sobre as árvores?’

14 Por fim, todas as outras árvores disseram ao espinheiro-de-casca-branca: ‘Vem, reina sobre nós.’

15 Em vista disso, o espinheiro-de-casca-branca disse às árvores: ‘Se verdadeiramente me ungis como rei sobre vós, vinde, refugiai-vos debaixo da minha sombra. Mas, se não, saia fogo do espinheiro-de-casca-branca e consuma os cedros do Líbano.’

16 “E agora, se foi em verdade e sem defeito que agistes e fostes fazer Abimeleque rei, e se usastes de bondade para com Jerubaal e para com os da sua casa, e se lhe fizestes conforme merece o feito das suas mãos,

17 sendo que meu pai lutou por vós e foi arriscar sua alma*1 para vos livrar da mão de Midiã;

  1. “Sua alma (vida).” Hebr.: naf·shóh; gr.: psy·khén; lat.: á·ni·mam.

18 e vós, da vossa parte, vos levantastes hoje contra os da casa de meu pai para matar seus filhos, setenta homens, sobre uma só pedra, e para fazer Abimeleque, filho de sua escrava, rei sobre os proprietários de terras de Siquém, só porque é vosso próprio irmão;

19 sim, se foi em verdade e sem defeito que agistes para com Jerubaal e para com os da sua casa no dia de hoje, alegrai-vos com Abimeleque e alegre-se ele convosco.

20 Mas, se não, saia fogo de Abimeleque e consuma os proprietários de terras de Siquém e a casa de Milo, e saia fogo dos proprietários de terras de Siquém e da casa de Milo e consuma a Abimeleque.”

21 Jotão pôs-se então em fuga e saiu correndo, e seguiu caminho até Beer, e passou a morar ali por causa de Abimeleque, seu irmão.

22 E por três anos Abimeleque desempenhava o papel de príncipe*1 sobre Israel.

  1. Ou “exercia domínio”.

23 Então Deus deixou que se desenvolvesse*1 um espírito mau entre Abimeleque e os proprietários de terras de Siquém, e os proprietários de terras de Siquém passaram a agir traiçoeiramente com Abimeleque,

  1. Lit.: “Deus enviou”.

24 para que viesse a violência feita aos setenta filhos de Jerubaal*1 e para que ele pusesse o sangue deles sobre Abimeleque, seu irmão, por ele os ter matado, e sobre os proprietários de terras de Siquém, por lhe terem fortalecido as mãos para matar seus irmãos.

  1. “Para que trouxesse a violência feita aos setenta filhos de Jerubaal”, LXX.

25 Portanto, os proprietários de terras de Siquém puseram-lhe homens de emboscada sobre os cumes dos montes e estes roubavam a todo aquele que passava por eles na estrada. Com o tempo se contou isso a Abimeleque.

26 Então veio Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos, e eles passaram para Siquém, e os proprietários de terras de Siquém começaram a confiar nele.

27 E saíram ao campo, como de costume, e se empenharam em colher as uvas dos seus vinhedos e em pisá-las, e se entregaram a uma exultação festiva, entrando depois na casa de seu deus, e comeram e beberam, e invocaram o mal sobre Abimeleque.

28 E Gaal, filho de Ebede, prosseguiu, dizendo: “Quem é Abimeleque e quem é Siquém,*1 que devamos servir a ele? Não é ele filho de Jerubaal, e não é Zebul seu comissário? Servi vós outros aos homens de Hamor, pai de Siquém, mas por que devíamos nós servir a ele?

  1. “Siquém”, MSyVg; LXX: “o filho de Siquém”.

29 E se este povo tão-somente estivesse na minha mão!*1 Então eu removeria a Abimeleque.” E prosseguiu, dizendo*2 a Abimeleque: “Faze numeroso o teu exército e vem para fora.”

  1. Lit.: “E quem entregará este povo na minha mão?”

  2. “E eu removeria a Abimeleque e diria”, LXX; Vg: “‘para que eu removesse a Abimeleque!’ E disse-se.”

30 E Zebul, príncipe da cidade, chegou a ouvir as palavras de Gaal, filho de Ebede. Então se acendeu a sua ira.

31 Por isso enviou por um subterfúgio mensageiros a Abimeleque,*1 dizendo: “Eis que Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos vieram agora a Siquém, e eis que estão conglomerando a cidade contra ti.

  1. “Por um subterfúgio . . . a Abimeleque.” Possivelmente: “a Abimeleque em Tormá (Arumá)”. Veja v. 41.

32 E agora, levanta-te de noite, tu e o povo que há contigo, e põe-te de emboscada no campo.

33 E tem de dar-se, de manhã, que assim que o sol raiar deves levantar-te cedo e tens de investir contra a cidade; e quando ele e o povo que há com ele saírem contra ti, então terás de fazer-lhe assim como a tua mão achar possível.”

34 Por conseguinte, Abimeleque e todo o povo que havia com ele levantaram-se de noite e começaram a ficar de emboscada contra Siquém, em quatro companhias.

35 Mais tarde saiu Gaal, filho de Ebede, e ficou de pé à entrada do portão da cidade. Levantaram-se então Abimeleque e o povo que havia com ele do lugar da emboscada.

36 Quando Gaal avistou o povo, disse imediatamente a Zebul: “Eis que desce gente dos cumes dos montes.” Mas Zebul lhe disse: “Estás vendo as sombras dos montes como se fossem homens.”

37 Depois Gaal falou mais uma vez e disse: “Eis que desce gente saindo do meio da terra e uma companhia vem pelo caminho da árvore grande de Meonenim.”*1

  1. Significando “Os Que Praticam Magia”. Veja De 18:14.

38 Nisso lhe disse Zebul: “Onde está agora a declaração da tua boca:*1 ‘Quem é Abimeleque que devamos servir a ele?’ Não é este o povo que rejeitaste? Sai agora, por favor, e luta contra ele.”

  1. Ou “essa tua boca quando disseste”.

39 Portanto, Gaal saiu à testa dos proprietários de terras de Siquém e foi lutar contra Abimeleque.

40 E Abimeleque foi atrás dele, e este se pôs em fuga diante dele; e os que eram mortos caíam em quantidade até a entrada do portão.

41 E Abimeleque continuou a morar em Arumá,*1 e Zebul passou a expulsar Gaal e seus irmãos da morada em Siquém.

  1. Possivelmente: “Ruma.” Veja 2Rs 23:36.

42 E sucedeu, no dia seguinte, que o povo começou a sair ao campo. De modo que o contaram a Abimeleque.

43 Em vista disso, tomou o povo e o dividiu em três companhias e começou a ficar de emboscada no campo. Depois olhou e eis que o povo saía da cidade. Levantou-se então contra eles e os golpeou.

44 E Abimeleque e as companhias*1 que havia com ele investiram para ficar de pé à entrada do portão da cidade, ao passo que duas companhias investiram contra todos os que estavam no campo, e foram golpeá-los.

  1. “Companhias”, M; Vg: “companhia”.

45 E Abimeleque lutou contra a cidade todo aquele dia e chegou a capturar a cidade; e matou o povo que havia nela, depois demoliu a cidade e a semeou com sal.

46 E ouvindo isso os proprietários de terras da torre de Siquém, foram imediatamente à cripta da casa de El-Berite.*1

  1. Significando “Deus dum Pacto”; LXXA: “Baal dum pacto”.

47 Comunicou-se então a Abimeleque que todos os proprietários de terras da torre de Siquém se tinham reunido.

48 Abimeleque subiu, pois, ao monte Zalmom, ele e todo o povo que havia com ele. Abimeleque tomou então um machado na mão e cortou um galho das árvores, e ele o levantou e pôs sobre o ombro, e disse ao povo que estava com ele: “O que me vistes fazer, apressai-vos, fazei igual a mim!”

49 De modo que todo o povo cortou também um galho, cada um para si, e seguiu a Abimeleque. Puseram-nos então contra a cripta e puseram fogo à cripta, sobre eles, de modo que morreram também todos os homens da torre de Siquém, cerca de mil homens e mulheres.

50 E Abimeleque passou a ir a Tebes e a acampar-se contra Tebes, e foi capturá-la.

51 Visto que havia uma torre forte no meio da cidade, foi para lá que fugiram todos os homens e mulheres, e todos os proprietários de terras da cidade, fechando-a depois atrás de si e subindo ao terraço da torre.

52 E Abimeleque veio até a torre e começou a lutar contra ela, e foi-se chegando à entrada da torre para queimá-la com fogo.

53 Então, certa mulher jogou uma mó superior na cabeça de Abimeleque e quebrou-lhe o crânio.

54 Ele chamou assim depressa o ajudante que carregava as suas armas e lhe disse: “Puxa a tua espada e entrega-me à morte, para que não se diga de mim: ‘Foi uma mulher que o matou.’” Seu ajudante o traspassou imediatamente, de modo que morreu.

55 Quando os homens de Israel viram que Abimeleque havia morrido, foram então cada um para o seu lugar.

56 Assim fez Deus voltar o mal de Abimeleque que este causara a seu pai ao matar os seus setenta irmãos.

57 E Deus fez voltar todo o mal dos homens de Siquém sobre as suas próprias cabeças, para que viesse sobre eles a invocação do mal da parte de Jotão, filho de Jerubaal.