Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)
Mateus
Mateus, 26
1 Então, havendo Jesus terminado com todas estas palavras, disse aos seus discípulos:
2 “Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa, e o Filho do homem há de ser entregue para ser pregado numa estaca.”*1
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3 Nessa ocasião, os principais sacerdotes e os anciãos do povo ajuntaram-se no pátio do sumo sacerdote, que se chamava Caifás,
4 e realizaram entre si uma consulta para se apoderarem de Jesus por meio dum ardil e o matarem.
5 No entanto, diziam: “Não durante a festividade, para que não surja alvoroço entre o povo.”
6 Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso,
7 aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro com dispendioso óleo perfumado e começou a derramá-lo sobre a cabeça dele, enquanto ele se recostava à mesa.
8 Vendo isso, os discípulos ficaram indignados e disseram: “Por que este desperdício?
9 Porque isso poderia ter sido vendido por grande soma e dado aos pobres.”
10 Percebendo isso, Jesus disse-lhes: “Por que procurais causar aflição à mulher? Pois ela fez uma ação excelente para comigo.
11 Porque vós sempre tendes convosco os pobres, a mim, porém, nem sempre me tereis.
12 Pois, quando esta mulher derramou este óleo perfumado sobre o meu corpo, fez isso em preparação para o meu enterro.
13 Deveras, eu vos digo: Onde quer que se pregarem*1 estas boas novas em todo o mundo,*2 o que esta mulher fez também será contado em lembrança dela.”
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14 Então um dos doze, aquele chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos principais sacerdotes
15 e disse: “O que me dareis para traí-lo a vós?” Estipularam-lhe trinta moedas de prata.
16 De modo que daquele momento em diante ele buscava uma boa oportunidade para traí-lo.
17 No primeiro dia dos*1 Pães não Fermentados, os discípulos vieram a Jesus, dizendo: “Onde queres que preparemos para comeres a páscoa?”
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18 Ele disse: “Ide à cidade, a fulano, e dizei-lhe: O Instrutor diz: ‘Está próximo o meu tempo designado; celebrarei a páscoa com meus discípulos na tua casa.’”
19 E os discípulos fizeram conforme Jesus lhes mandara, e aprontaram as coisas para a páscoa.
20 Tendo chegado a noitinha, ele estava recostado à mesa com os doze discípulos.
21 Enquanto comiam, ele disse: “Deveras, eu vos digo: Um de vós me trairá.”
22 Ficando muito contristados com isso, principiaram cada um a dizer-lhe: “Não sou por acaso eu, Senhor?”
23 Em resposta, ele disse: “O que mete comigo a mão no prato fundo é o que me há de trair.
24 Deveras, o Filho do homem vai embora, assim como está escrito a respeito dele, mas ai do homem por quem o Filho do homem está sendo traído! Teria sido melhor para ele, se esse homem não tivesse nascido.”
25 Como resposta, Judas, que estava prestes a traí-lo, disse: “Não sou por acaso eu, Rabi?” Ele lhe disse: “Tu mesmo [o] disseste.”
26 Ao continuarem a comer, Jesus tomou um pão, e, depois de proferir uma bênção, partiu-o, e, dando-o aos discípulos, disse: “Tomai, comei. Isto significa*1 meu corpo.”
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27 Tomou também um copo, e, tendo dado graças, deu-lho, dizendo: “Bebei dele, todos vós;
28 pois isto significa meu ‘sangue do pacto’, que há de ser derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados.
29 Eu vos digo, porém: Doravante, de modo algum beberei deste produto da videira, até o dia em que o beberei novo,*1 convosco, no reino de meu Pai.”
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30 Por fim, depois de cantarem louvores,*1 saíram para o Monte das Oliveiras.
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31 Jesus disse-lhes então: “Esta noite, todos vós tropeçareis em conexão comigo, pois está escrito: ‘Golpearei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão espalhadas.’
32 Mas, depois de eu ter sido levantado, irei adiante de vós para a Galiléia.”
33 Mas Pedro, em resposta, disse-lhe: “Ainda que todos os outros tropecem em conexão contigo, eu nunca tropeçarei!”
34 Jesus disse-lhe: “Deveras, eu te digo: Esta noite, antes de cantar o galo, repudiar-me-ás três vezes.”
35 Pedro disse-lhe: “Mesmo que eu tenha de morrer contigo, de modo algum te repudiarei.” Todos os outros discípulos disseram também a mesma coisa.
36 Jesus chegou então com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos discípulos: “Sentai-vos aqui enquanto eu vou para lá orar.”
37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, principiou a ficar contristado e muito aflito.
38 Disse-lhes então: “Minha alma está profundamente contristada, até à morte. Ficai aqui e mantende-vos vigilantes comigo.”
39 E, indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto [em terra], orando e dizendo: “Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim. Contudo, não como eu quero, mas como tu queres.”
40 E ele veio aos discípulos e achou-os dormindo, e disse a Pedro: “Não pudestes vigiar comigo nem mesmo por uma hora?
41 Mantende-vos vigilantes e orai continuamente, para que não entreis em tentação. O espírito, naturalmente, está ansioso, mas a carne é fraca.”
42 Novamente, pela segunda vez, afastou-se e orou, dizendo: “Pai meu, se não é possível que isto se afaste de mim sem que eu o beba, realize-se a tua vontade.”
43 E veio novamente e os encontrou dormindo, pois estavam com os olhos pesados.
44 Portanto, deixando-os, afastou-se novamente e orou pela terceira vez, dizendo mais uma vez a mesma palavra.
45 Veio então ter com os discípulos e disse-lhes: “Numa ocasião destas, vós estais dormindo e descansando! Eis que se tem aproximado a hora para o Filho do homem ser traído às mãos de pecadores.
46 Levantai-vos, vamos embora. Eis que se tem aproximado aquele que me trai.”
47 E, enquanto ainda falava, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e cacetes, da parte dos principais sacerdotes e anciãos do povo.
48 Ora, o que o traía havia-lhes dado um sinal, dizendo: “A quem eu beijar, este é ele; detende-o.”
49 E, dirigindo-se diretamente a Jesus, disse: “Bom dia, Rabi!” e beijou-o mui ternamente.
50 Mas Jesus disse-lhe: “Amigo, para que fim estás presente?” Eles avançaram então e deitaram mãos em Jesus, e detiveram-no.
51 Mas, eis que um dos que estavam com Jesus estendeu a mão e puxou a sua espada, e, golpeando o escravo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha.
52 Jesus disse-lhe então: “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada.
53 Ou pensas que não posso apelar para meu Pai, para fornecer-me neste momento mais de doze legiões de anjos?
54 Neste caso, como se cumpririam as Escrituras, de que tem de realizar-se deste modo?”
55 Jesus disse às multidões, naquela hora: “Viestes com espadas e com cacetes, como contra um salteador, para prender-me? Dia após dia costumava eu estar sentado no templo, ensinando; contudo, vós não me detivestes.
56 Mas tudo isso se tem realizado para que se cumprissem as escrituras dos profetas.” Todos os discípulos o abandonaram então e fugiram.
57 Os que detiveram Jesus levaram-no a Caifás, o sumo sacerdote, onde estavam ajuntados os escribas e os anciãos.
58 Pedro, porém, seguia-o duma boa distância, até o pátio do sumo sacerdote, e, tendo entrado, estava sentado com os criados, para ver o resultado.*1
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59 Entrementes, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio*1 estavam procurando falso testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte,
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60 mas não encontraram nenhum, embora se apresentassem muitas testemunhas falsas. Mais tarde, apresentaram-se dois
61 e disseram: “Este homem disse: ‘Eu posso derrubar o templo*1 de Deus e reconstruí-lo em três dias.’”
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62 Em vista disso, o sumo sacerdote levantou-se e disse-lhe: “Não tens nenhuma resposta? O que é que estes testificam contra ti?”
63 Mas Jesus ficou calado. O sumo sacerdote disse-lhe, por isso: “Pelo Deus vivente, eu te ponho sob juramento para nos dizeres se tu és o Cristo, o Filho de Deus!”
64 Jesus disse-lhe: “Tu mesmo [o] disseste. Contudo, eu vos digo: Doravante vereis o Filho do homem sentado à destra de poder e vindo*1 nas nuvens do céu.”
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65 O sumo sacerdote rasgou então a sua roupagem exterior, dizendo: “Ele blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Vede! Agora ouvistes a blasfêmia.
66 Qual é a vossa opinião?” Eles deram a resposta: “Está sujeito à morte.”
67 Cuspiram-lhe então no rosto e o esmurraram. Outros o esbofetearam,
68 dizendo: “Profetiza-nos, ó Cristo. Quem te golpeou?”
69 Ora, Pedro estava sentado lá fora no pátio; aproximou-se dele então uma serva, dizendo: “Tu também estavas com Jesus, o galileu!”
70 Mas ele negou-o perante todos, dizendo: “Não sei de que falas.”
71 Tendo saído para a portaria, foi notado por outra moça, e ela disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus, o nazareno.”
72 E ele novamente o negou, com juramento: “Não conheço este homem!”
73 Pouco depois, os que estavam parados ali aproximaram-se e disseram a Pedro: “Tu certamente és também um deles, pois, de fato, o teu dialeto te trai.”
74 Ele principiou então a praguejar e a jurar: “Não conheço este homem!” E imediatamente cantou um galo.
75 E Pedro lembrou-se da declaração de Jesus, a saber: “Antes de cantar o galo, repudiar-me-ás três vezes.” E ele saiu e chorou amargamente.