Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências (Rbi8, pt-BR, 1986)
Jó
Jó, 9
1 E Jó passou a responder e a dizer:
2 “De fato, sei que é assim. Mas como pode o homem mortal ter razão num caso com Deus?*1
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3 Caso se agrade em contender com ele, Não lhe poderá responder uma vez em mil.
4 Ele é sábio de coração e forte em poder. Quem pode ser obstinado com ele e sair ileso?
5 Ele transfere montes, de modo que as pessoas nem sabem [deles], Ele é quem os subverteu na sua ira.
6 Faz a terra sair abalada do seu lugar, De modo que estremecem as suas próprias colunas.
7 Ele diz ao sol*1 que não raie, E põe selo em volta das estrelas,
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8 Estendendo sozinho os céus E pisando nas ondas altas*1 do mar;
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9 Fazendo a constelação de Ás,*1 a constelação de Quesil,*2 E a constelação de Quima,*3 e os quartos interiores do Sul;*4
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10 Fazendo grandes coisas inescrutáveis E inúmeras coisas maravilhosas.
11 Eis que ele passa por mim e eu não [o] vejo, E passa adiante e eu não o discirno.
12 Eis que ele arrebata. Quem lhe pode resistir? Quem lhe dirá: ‘Que estás fazendo?’
13 O próprio Deus*1 não fará voltar a sua ira; Abaixo dele têm de encurvar-se os ajudadores dum arremetedor.*2
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14 Quanto mais caso eu mesmo lhe respondesse! Vou escolher as minhas palavras para com ele,
15 A quem eu não responderia, mesmo que realmente tivesse razão. Eu imploraria o favor de meu oponente.
16 Se eu o chamasse, acaso me responderia? Não acredito que dê ouvidos à minha voz;
17 Aquele que me esmaga com uma tempestade E certamente multiplica os meus ferimentos por razão alguma.
18 Não me concederá estar tomando*1 novo fôlego, Pois me farta de coisas amargas.
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19 Se há alguém forte em poder, ei[-lo]!*1 E se há [alguém forte] em justiça, tomara que eu seja convocado!
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20 Se eu tivesse razão, minha própria boca*1 me pronunciaria iníquo; Se eu fosse inculpe, então ele me declararia pervertido.
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21 Se eu fosse inculpe, eu não reconheceria a minha alma; Eu recusaria a minha vida.
22 Uma coisa há. Por isso é que deveras digo: ‘Ao inculpe, também ao iníquo, ele leva ao seu fim.’
23 Se uma enxurrada*1 causasse repentinamente a morte, Ele caçoaria do próprio desespero do inocente.
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24 A própria terra foi entregue na mão do iníquo; Ele encobre a face dos seus juízes. Se não [ele], então quem?
25 Também os meus próprios dias ficaram mais velozes do que um corredor; Fugiram; certamente não verão o que é bom.
26 Passaram adiante como barcos de canas, Como a águia que se lança velozmente de um lado para outro [em busca] de algo para comer.
27 Quando eu disse: ‘Vou esquecer-me da minha preocupação, Vou alterar meu semblante e ser risonho’,
28 Fiquei amedrontado com todas as minhas dores; Sei deveras que não me terás por inocente.
29 Eu mesmo hei de tornar-me iníquo. Por que é que labuto apenas em vão?
30 Se eu realmente me lavasse em água de neve E realmente limpasse as minhas mãos*1 em potassa,
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31 Então me mergulharias numa cova, E meus mantos certamente me detestariam.
32 Pois ele não é homem igual a mim [para] eu lhe responder, Para entrarmos juntos em julgamento.
33 Não há*1 pessoa para decidir*2 entre nós, Que ponha a mão em nós dois.
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34 Remova ele de mim a sua vara, E não me apavore a sua terribilidade.
35 Vou falar e não ter medo dele, Pois não estou disposto a isso no meu íntimo.